O corpo da poesia

Graças

Cada vez que eu vejo as coisas que não via,
vejo que não vivia.
Não existe coerência em nada do que penso e sinto agora;
há harmonia.

Ninguém faz amor do jeito mais gostoso que a gente:
nosso suor é vinho.
Eu como na tua boca o pão.

Trevo de quatro folhas é que dá sorte.
Mas já é sorte achar um trevo de três
entre a calçada e o muro.
E mais sorte é poder perceber que eles existem e resistem
e brotam apesar do cimento e do asfalto.
Mais sorte ainda é ter pra quem mandar um trevo.
E eu me atrevo a te mandar minha alegria deste dia.

Cheia de força caminho feminina pelo Aterro.
A Terra é toda minha nesta manhã cheia de graça.
Ave!
Deve haver um jeito de nosso amor ser ave.
Ávido de vida. Ida. Voo sem palavra. Verso livre.

Me ajoelho e agradeço a Deus porque existo
e existe um homem que comunga com meu corpo.
Rezo pra ele a prece mais bonita
e peço que esse homem e esta mulher se amem.
Apenas. Sem penas. Aves plenas.
Como querem seus corpos que se amem.
Amém.

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