O corpo da poesia

Meninos do Rio

Trombadinhas roubaram meu canto
num canto qualquer do Rio.
Os pivetes da rua
não sabem de minhas penas.
Que se danem os poemas
de quem não sente frio!
Os neguinhos arrancaram minhas rimas ricas,
levaram meus versos brancos. Os perversos.
O amor impossível não chegou à poesia,
assassinado no fio da navalha.
Garotos feios violentaram toda palavra bonita
no escuro da cidade.

Os meninos sem nome
calaram a minha boca,
que não conhece a fome.

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