O corpo da poesia

O corpo do amor (revivendo Chagall)

Entre nós dois, homem e mulher,
existe o beijo
e o espanto de ser tão simples
a colcha vermelha na cama
e a mesa posta.

Deitados no ramalhete de flores,
entendi que o amor não é poesia:
é fato, ato, salto no ar.

Entre flores e vacas de olhos doces,
ouvi o violinista verde no telhado
dizer que o real
fica acima das casas.

Deitados no estado de graça,
vi o corpo do amor: seu falo e sua fala,
a cara da alegria completa,
a cara-metade.

Entre flores doces e éguas de potrinhos na barriga
descobri que voar é possível
e viver, um quase.

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