(ou história que o louro haicaísta não contou por ser muito vivo)
Lena Jesus Ponte
Com mãos de neblina,
a Morte baixa a cortina:
fim de qualquer ato?
Rompendo as amarras
do Tempo, segue a cigarra
pelo firmamento.
Nuvens de saudade
dos cantos nos fins de tarde
passeiam no céu.
É fugaz momento.
O sopro do Esquecimento
desfaz tênue véu.
O corpo sutil
viaja: cigarra-cometa
liberta de metas.
Não há mais espaço:
o Tudo e o Nada se enlaçam
em canto afinado.
No céu das cigarras,
escrevem-se sábias fábulas
de verão eterno.
(Ao prof. Othon M. Garcia, com admiração e afeto)