Muito se fala sobre a semelhança entre o haicai – poesia multissecular de origem nipônica – e a fotografia – arte surgida no início do século XIX. Isto porque o menor poema do mundo também tangencia com dedos transparentes a realidade e capta, com seu caráter visual, um instantâneo, um flash zen do aqui e do agora.
Um enquadramento perfeito: eis o toque do fotógrafo na seleção do que os olhos capturam e a consequente mutação do visível em sensível manifestação da subjetividade. Uma seleção de vocábulos ricos de carga informativa na moldura de 17 sílabas poéticas: eis o haicai, em sua apreensão do essencial, que salta aos olhos do poeta à luz da realidade de um momento.
O haicai, poesia que prima pela síntese e pela simplicidade, pôde encontrar eco na arte essencial e singela de Décio Brian, ele próprio uma pessoa encantadoramente simples.
(trechos da Apresentação, de Lena Jesus Ponte)