O corpo da poesia

Soneto da libertação

Cada dia que passa, mais eu “desafino
o coro dos contentes”, dos alienados.
Não hei de colocar em fôrmas meu destino,
não desejo normas, caminhos já traçados.

No lugar da razão, eu ponho o desatino
de um viver sem controle, sempre apaixonado.
Mais rico o improviso do jazz que qualquer hino.
Prefiro um não real a um sim bem-educado.

Calma seria a cama feita, a mesa posta,
faca e queijo na mão, na boca uma resposta
que calasse no peito a dúvida e o conflito;

porém, em vez de aceitação, me explode o grito.
A única verdade em que ainda acredito:
ser tudo um desafio e a vida uma proposta.

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